Paz?

A situação atual

Desde os dias 08/09 de maio de 2021, se iniciaram novamente conflitos entre o estado de Israel e uma parcela dos chamados palestinos, mais especificamente a organização islâmica Hamas – com uma nova dimensão mais drástica desde o dia 10/05/2021. Milhares de foguetes foram lançados desde então em direção ao território de Israel. Não é a minha intenção de decorrer sobre os detalhes atuais desse conflito. Apenas seja dito de passagem, que as notícias devem ser consideradas com a devida cautela, porque geralmente são tendenciosas.

Sempre deve se levar em consideração de que não se trata de um conflito entre dois estados soberanos – mas entre um estado soberano e um grupo radical, que inclusive terroriza o próprio povo palestino em Gaza. Há tantas imagens fortes sendo distribuídas – e de fato são fortes, mas nem todas elas verdadeiras tampouco. Fala-se de levantes e confrontos, principalmente de jovens árabes e jovens judeus, ambos israelenses, em algumas cidades como Lod. Fala-se de destruição de sinagogas, mas pouco ou nada se ouve que até mesmo árabes israelenses pediram desculpas aos judeus israelenses se comprometendo com a reconstrução dessas mesmas sinagogas.

O conflito está ali, inegavelmente, mas também temos que lembrar que há pessoas ali, pessoas que simplesmente querem viver em paz e harmonia, tanto de um como de outro lado. Também deve se lembrar de que não há geralmente ataques israelenses sem aviso – o que não se pode dizer necessariamente dos grupos terroristas envolvidos. Até mesmo houve pelo menos um caso de um ataque aéreo em Gaza sendo abortado porque os pilotos dos caças identificaram a presença de pessoas, crianças, no local alvo.

Hoje, dia 20/05/2021 chegou a notícia de um cessar-fogo entre as duas partes, intermediado pelo Egito.

Mas como escrevi, embora tudo isso seja muito interessante, não quero discursar sobre isso, mas examinar a questão: Devemos orar pela “paz de Jerusalém” (Sl 122:6)? Haverá paz ali?

Evolução histórica

Quem é leitor da Palavra de Deus, principalmente do Antigo, mas também do Novo Testamento, sabe de que esse conflito entre árabes / palestinos (ou: filisteus) e Israel não é um conflito novo. Nem começou em 1948, nem no século 19, nem nas cruzadas ou em qualquer outro momento, mas já há milhares de anos atrás – se quiser poderia-se dizer até que começou com o conflito entre Ismael – pai dos árabes – e Isaque – pai do povo judeu / dos israelitas. Se intensificou com a chegada de Israel à terra de Canaã, quando houve as guerras com os povos cananeus e com os filisteus – em sua descendência divergentes dos árabes. Os amonitas e moabitas, por exemplo, habitantes em parte da Jordânia de hoje, são descendentes de Ló com as suas filhas depois da destruição de Sodoma e Gomorra (Gn 19:36-38).

E é um conflito que se intensificou bastante após o surgimento do islã, ganhando uma dimensão religiosa adicional. É um conflito que apenas tem ganhado outros “rostos” no decorrer dos séculos – que estão unânimes apenas em um ponto: erradicar o estado de Israel e o povo judeu. A questão é? Haverá paz? Devemos orar pela “paz de Jerusalém”? Pela “paz de Israel”? Isso faz algum sentido?

O que a Bíblia nos diz – Lo-Ami

As respostas temos que buscar na Bíblia. Israel é o povo de Deus, propriedade de Deus. Contudo, nos caminhos de Deus com Israel, chegou um momento em que Ele se tornou “Deus dos Céu” – expressão muito utilizada no livro de Daniel, por exemplo em Daniel 2:18. Deus continua ali, mas Ele rompeu temporariamente os laços com Israel, Se voltando para as nações. Assim o tempo presente é chamado de “os tempos dos gentios” (Lc 21:24). Esses tempos se introduziram lentamente. Deus ainda agiu em graça, deu oportunidades para o Seu povo de Israel. Até permitiu, na época de Esdras e Neemias, a reconstrução do templo em Jerusalém. Houve tempos de reavivamento, mas nunca mais em total independência das nações. Deus até mesmo chegou a chamar Israel de “Lo-Ami” (Os 1:9), afirmando: “vós não sois meu povo, nem eu serei o vosso Deus”. Mas que graça: Esse veredito há de mudar. Deus há de reatar com Israel, contudo, para nós hoje, esse momento ainda é futuro. Acontecerá depois do arrebatamento da Igreja de Deus. Aí “se lhes dirá: Vós sois filhos do Deus vivo” (Os 1:11). Será o tempo de reunificação de “Judá” e de “Israel” sob uma só cabeça – e sabemos quem é: Cristo! (Os 1:11).

Esses tempos, mais tarde, seriam caracterizados pelo fato de não haver mais templo em Jerusalém. O próprio Senhor Jesus revelou isso e sabemos muito bem que isso se cumpriu no ano 70AD (Lc 21:6). Contudo, Israel – principalmente as duas tribos de Judá e Benjamin, mas também indivíduos das demais tribos – voltaria, à sua terra (Ez 37). Esse processo se iniciou visivelmente com a fundação do moderno estado de Israel – ainda na incredulidade – e ainda está em andamento. E esse processo se estenderá até o início do Reino Milenar de Cristo, quando, depois da Grande Tribulação, também as 10 tribos voltarão em quantidade grande de todos os cantos da terra para serem unidos à Judá sob o governo pacífico do Messias, Jesus Cristo. Ezequiel 37 mostra que aqueles ossos secos são “toda a casa de israel”(Ez 37:11).

Antisemitismo – o que a Bíblia nos diz?

Durante esses tempos dos gentios, Israel será desolada pelas nações, a inimizade contra “a menina dos olhos” de Deus (Zc 2:8) não cessará. E ainda que as nações são usadas por Deus como uma vara para educar o seu povo, Deus zela por Israel. E quem se opor a esse povo, será julgado. Por isso, ainda que sabemos das Escrituras de que definitivamente não haverá paz até que o Senhor Jesus vier como Messias e Rei de Israel, não compete ódio contra esse povo. Também sabemos que a terra onde vivem hoje é deles por promessa divina – e em extensão bem maior do que aquilo que hoje é o estado de Israel. O “antisemitismo”, que na verdade não é um antisemitismo, mas sim oposição à parcela judaica dos cidadãos israelenses (pois os árabes em sua origem também são semitas), é uma atitude que está sujeita ao julgamento divino (veja por exemplo Mt 25:31-46). É preciso termos uma visão equilibrada, assim como Deus a tem. Ele condena o pecado e os erros cometidos por Israel, sem que Ele odiasse as pessoas – assim como Ele odeia o pecado, mas ama a pessoa do pecador gentílico.

Paz hoje?

Deus definitivamente não fala em uma solução de dois estados. Portanto, ainda que isso talvez em algum momento seja implantado de facto (assim como já está de jure), isso não tem futuro, porque Deus prometeu: “E habitareis na terra que eu dei a vossos pais e vós sereis o meu povo, e eu serei o vosso Deus” (Ez 36:28). Algumas das fronteiras de Israel, segundo Deus, se vê em Josué 1:4 e Deuteronômio 1:7. Naquele momento, ainda futuro, finalmente haverá paz duradoura, e mais uma vez um templo, a habitação de Deus, em Jerusalém (Ez 37:24-28). Mas até lá “Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem” (Lc 21:24). O próprio Deus, em circunstâncias históricas, mas indo muito além daquele momento histórico, afirma: “E curam superficialmente a ferida da filha do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz” (Jr 6:14). Jeremias 6:22 esclarece de que essa profecia vai para tempos futuros muito além do seu alcance histórico na época de Jeremias.

Por tudo isso que sabemos a partir das Escrituras, para um cristão, ao contrário de um judeu, não faz sentido de “orar pela paz de Jerusalém”, enquanto cidade e local do templo, conforme Salmo 122:6 – tantas vezes citado em nossos dias. Essa é uma oração muito adequada para o remanescente judeu depois do arrebatamento da Igreja na época da tribulação e grande tribulação pouco antes da vinda de Cristo na condição de “Filho do Homem” em “poder e grande glória” (Lc 21:27). Naquele tempo, “paz haverá sobre Israel” (Sl 125:5), porque estarão sujeitos ao “Príncipe da Paz”, o Messias (Is 9:6). Enquanto hoje, até à vinda de Cristo como Rei, vale a afirmação divina: “Não há paz”. E quando conseguirem efetuar uma aparente paz, sob o domínio do anticristo, é então que “lhes sobrevirá repentina destruição” (1 Ts 5:3). Paz verdadeira e alegria plena haverá somente sob o reinado de Siló (Gn 49:10-12), após reconhecerem Aquele de Quem fala Zacarias 12:10 – Aquele que os tem amado (Ml 1:2).

Qual é o nosso dever em oração?Orar por Israel ou pelos israelenses?

Mas hoje? Não devemos então orar? Sim, devemos e precisamos. Precisamos orar pela conversão de almas em Israel – almas preciosas de judeus e de palestinos e árabes – cidadãos israelenses e cidadãos da faixa de Gaza. Precisamos orar até mesmo pelos combatentes do Hamaz e Jihad Islâmico, pois precisam da salvação, precisam de Cristo. E tendo Ele, deixarão de ser combatentes, e se tornarão pessoas que vão amar a quem agora estão odiando.

É preciso que também do povo de Israel ainda haja pessoas que possam ver em Cristo, naquele nazareno rejeitado e crucificado justamente ali fora de Jerusalém no morro do Gólgota, Aquele que quer ser o Salvador também deles – não deles enquanto nação nos dias de hoje – isso é algo ainda futuro-, mas, sim, de indivíduos, que então terão o privilégio de serem inseridos na Igreja, de serem membros desse Corpo de Cristo, para fazerem parte da Noiva de Cristo e do povo celestial de Deus.

É preciso orarmos pela proteção de irmãos em Cristo naquela terra de Israel, tanto nas áreas da faixa de Gaza, quanto no território oficial do estado de Israel quanto na chamada “Cisjordânia” – que na verdade deveria ser chamado de Judá, Samaria etc., como principalmente também na parte oriental de Jerusalém. Conhecemos irmãos que se reúnem ali ao Nome do Senhor – em parte de origem palestino-árabe, em parte de origem judaica, até mesmo de origem judaica-etíope. Eles todos precisam de nossas orações por proteção dentro das circunstâncias – circunstâncias essas adversas que podem se acalmar temporariamente, mas que não vão mudar até à vinda do nosso Senhor Jesus em poder e grande glória para estabelecer o Seu Reino ali.

“Irmãos, o bom desejo e a oração a Deus por Israel é para sua salvação … Porventura rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum … também agora neste tempo ficou um remanescente, segundo a eleição da graça”.

Romanos 10:1

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