Rasgado em duas partes (1)

Há muitos anos, um cristão que estava distribuindo literatura cristã saudou uma mulher em uma cabana da floresta na França e ofereceu-lhe um Novo Testamento à venda. Jeanne hesitou. Será que o sacerdote aprovaria? Essa era a questão. Ela melancolicamente olhou para o pequeno volume e, por fim, desembolsou 50 cêntimos, dizendo: “Não posso recusar, senhor, mas posso receber perdão se for pecado?”. Quando Jacques, o marido dela, retornou, ela timidamente mostrou o livro. Como ela temia, ele estava cansado e irritado; censurou-a por gastar dinheiro daquela forma. “Mas”, ela disse, “o dinheiro não era todo seu. Eu trouxe meu dote quando nos casamos. Os 50 cêntimos eram tanto meus quanto seus.” – “Dê-me o livro”, Jacques gritou furioso e arrancou-o dela. “Metade do dinheiro era sua, metade minha; assim é com o livro.” Ele o rasgou em duas partes, pegou uma para si e jogou a outra para Jeanne. Dias depois, Jacques lembrou-se do livro enquanto descansava da queima de carvão na floresta. Ele decidiu dar uma olhada nele. Era a última metade do Novo Testamento, que ele havia dividido no evangelho de Lucas. Ele começou a ler: “… e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti; já não sou digno de ser chamado teu filho.” Ele ficou fascinado e leu a história até o final. Perguntas vieram-lhe à mente: O que o filho havia feito? Onde havia estado? O que o fez retornar? Essas perguntas o assolavam, mas o seu orgulho o impedia de pedir a primeira parte do livro para descobrir as respostas.

(Continua)

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